Nas paredes haviam retratos dos membros de sua família que assistiam e induziam indiretamente Evita a não causar nenhum problema enquanto ela estava sozinha em casa. O mesmo sorriso assumia cada um de seus rostos - largos, forçados, com os dentes a amostra - não exagerados, mas fabricados.
Os três amigos estavam sentados no chão, cercados por cinco velas acesas e com as mãos descansando acima de um ponteiro de uma Tábua Ouija. Ele se moveu como num bombardeio para a esquerda, desacelerou em uma parada e apontou para a letra "E". "DANE-S... E?". Evita olhou para Daisuke, que escondia um sorriso e mantinha os olhos para baixo. Claire olhou ao redor da sala escura. "Dane-se? Danem-se vocês, caras", disse Evita. Evita muitas vezes jogou dados e consultou cartas de tarô para tomar decisões importantes. E hoje à noite, enquanto seus pais estavam fora, ela chamou seus amigos para invocar um espírito para aconselhá-la sobre uma questão da faculdade. "Não fui eu", disse Daisuke. Ele se levantou do chão e estendeu sua mão em direção ao teto, lançando seu sorriso bobo para ela em seguida. "Certo", disse Claire. "Então eu acho que foi o fantasma, né? Porque não fui eu".
Os três amigos trocaram olhares rápidos, e em seguida, caíram na gargalhada. "Que seja", disse Evita. "Danem-se todos vocês. Vocês sabem que eu levo essas coisas a sério." As chamas das velas ao redor piscaram. "De qualquer forma", disse Evita. "Vocês têm que sair daqui, agora. Meus pais vão voltar daqui a pouco. Eles iriam pirar se vissem isso." Eles se levantaram e se dirigiram até a porta. Evita abriu e sorriu enquanto eles passavam. "Boa noite, idiotas", ela exclamou, fechando a porta.
Evita ligou a luz e se virou, tornando-se consciente do autoritário silêncio do quarto. Enquanto caminhava em direção às velas e a tábua Ouija, sentiu como se alguém estivesse olhando para ela. Observando-a. Ela rapidamente apagou quatro das velas, e quando estava prestes a assoprar a última, sentiu como se o tabuleiro Ouija estivesse desafiando-a a fazer solitariamente uma pergunta final.
Evita nunca se intimidou com o desconhecido, e com certeza ela não queria começar agora. Ela colocou os dedos sobre o ponteiro. "Como...", respirou fundo "... eu vou morrer?" O ponteiro logo se deslocou em movimentos minúsculos e lentos. Seu coração acelerou enquanto ela desesperadamente dizia a si mesma que eram as suas mãos nervosas que faziam com que ele se movesse. Ele deslizou e apontou. Primeiro para um F, então para um O, depois para um G, e finalmente... para um O.
Evita ouviu um rangido atrás dela. Quando ela se virou para ver, acidentalmente bateu na última vela com a mão esquerda. Ninguém estava lá. Apenas uma fotografia de sua família, sorrindo.
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