Não consigo descrever como estou me sentido agora. O que estou vivenciando é tão irreal, que fiquei convencido que finalmente fiquei louco.
Quase.
Minha mulher, Bea, morreu quando deu a luz. Ela era linda, engraçada, inteligente - mimada. Uma mulher cujo a risada era tão alta que jantar em restaurantes era um desafio, e a qual tinha o olhar era tão intenso que fazia minhas mãos tremerem. Eu a perdi quando ela deu a luz a nossa filha.
Sam.
Claro, eu poderia ter ressentido Sam. Por ter feito partir o que um dia fora meu de um jeito que nada mais seria. Por ter feito partir algo que era tão verdadeiro e puro. Mas não o fiz. Bea não ia querer que eu ficasse ressentido. Não ia querer que a vida da nossa única filha fosse arruinada por ódio.
Mas isso aqui não é sobre luto. Não é sobre o soco no estômago que é perder para sempre alguém que você amava. Isso é sobre algo muito mais sinistro.
Minha filha era muito animada, sempre correndo e gritando, saltando para cima e para baixo, escalando coisas. Então no seu aniversário de seis anos, uma ida ao cinema com suas amiguinhas a tinha deixado com tanta energia que eu mal conseguia acompanhá-la enquanto se desviava e corria pelas pessoas na calçada. Ocasionalmente parava no meio do mar de pessoas e falava "Vamos logo, papai!" em um tom que era quase petulante. Não podia fazer nada se não amá-la.
Tentei segurá-la, juro que tentei. Ela estava muito preocupada em olhar para mim quando atravessou a rua, e o ônibus não teve tempo para parar. Uma batida surda e então o mundo ficou silencioso. Eu segurei seu corpo quebrado em meus braços, muito anestesiado para chorar, muito agonizado para me mexer. Tudo que eu sentia era o sangue quente ensopando minhas roupas. No estado de choque em que fiquei, a única coisa em que passava na minha mente era como iria lavar minhas calças jeans. Soa terrível, eu sei - mas uma perda desse tipo rompe seus sentimentos e te deixa apenas com os pensamentos automáticos que nos torna humanos.
A semana seguinte foi um borrão. Não tenho nenhuma memória da época, a não ser de amigos e familiares dando suas condolências e meus soluços gemidos que podiam acontecer por qualquer motivo - o bater de uma porta, o barulho suave da geladeira ou as vozes na rádio.
Fui ao funeral todo vestido de preto. Por vestido não quero dizer só as roupas, mas toda a minha essência era negra. Não conseguia sentir nada, nem pensar; e o dia passou ao mesmo tempo em um segundo e em um século. Todos queriam me falar da Sam, de como era perfeita - que anjo que era, como se eu não soubesse. Como se eu não soubesse como minha filha era divina.
O homem, que se destacando de todo o resto, veio até mim e me entregou um grande livro de capa de couro. Na época achei que se tratava de algum pai de alguma amiga de Sam, me entregando uma coleção de fotos delas juntas. Ou talvez eu estivesse apenas muito anestesiado para processar as mãos geladas dele e como não mencionou minha filha nenhuma vez.
Por um mês fiquei perdido. Bebia e ficava em nosso apartamento sozinho, assistindo filmes velhos; estava tão entorpecido que nem chorava mais. Foi só quando minha irmã chegou, quando segurou minha mão e conversou comigo que comecei a sair da minha casca. Ela sentava e ouvia as coisas mais insanas que eu tinha a dizer, e gentilmente foi enxotando a depressão de mim. Não completamente, mas suficientemente para que eu começasse a viver de novo algo parecido com a vida real.
Foi ai que abri o livro. Decidi que lembraria de Sam por toda alegria que tinha distribuído, e estava preparado para refletir sobre sua vida sem me sentir miserável.
Abri a primeira página. Era um livro encadernado, cheio de fotos Polaroid da minha filha enquanto crescia. Franzi a testa. Elas eram tiradas de uma certa distância, levemente desfocadas - e eu estava em algumas delas.
Comecei a me sentir enjoado, mas esperei que as próximas fotos fornecessem explicações. Na minha cabeça fiz todo o tipo de pretextos de como esse homem tinha conseguido aquelas fotos, desesperado para ver os momentos da vida de minha filha sem me sentir agoniado. As fotos chegavam cada vez mais perto do dia do aniversário de seis anos da minha filha. Eu podia ver o dia que a dei uma pequena bicicleta em seu aniversário de cinco anos, e nos joelhos ralados que isso resultou. Os livros tinham tantas mais páginas, que assumi que estariam vazias.
Mas havia uma foto dela minutos antes do cinema em seu aniversário de seis anos - eu reconheci a capa de chuva que ela insistiu em usar, junto com minhas mãos em seus ombros.
Não havia fotos do acidente.
Ao invés disso a vida dela continuou dentro do livro. No aniversário de sete anos havia uma foto minha e dela no jardim, cobertos de tinta - com uma tela gigante no chão e uma pintura bem confusa. O aniversário de sete anos dela.
O aniversário de sete anos dela.
A realidade do que eu estava vendo me atingiu e fechei o livro com uma batida que soou por toda a casa. Fiquei lá sentado, na mesa da cozinha, olhando para a capa de couro. Devia ser algum tipo de photoshop, eu esperava. Alguém devia ter tido o tempo de fazer essa pegadinha horrível comigo. Digo que esperava porque eu não conseguia acreditar em nenhuma outra explicação. Se é que existia outra explicação.
Rangendo os dentes, decidi que não tinha nada a perder e abri o livro de novo.
Não consigo explicar as emoções que senti enquanto continuava a ver, ouvindo o barulho das páginas virando. Posso tentar, mas nada poderia preparar alguém para ver algo daquele tipo.
A vida dela continuava, mostrando ela perdendo seus dentes de leite, seus primeiros dias no colégio. Meu virar de página começou a ficar mais frenético e comecei a perceber uma coisa. O fotografo estava cada vez mais próximo. Mais perto dela. Enquanto crescia - não em todas as fotos, mas em termo geral - o fotógrafo estava cada vez mais próximo. Mais ousado, talvez.
Ela era linda. Estonteante. Enquanto adolescente era igual sua mãe, cheia de cachos e sorrisos. Eu envelhecia também, mas a cada foto que passava eu aparecia menos e menos.
O aniversário de dezesseis anos dela era estranho. Um grupo de amigos dela, sentados ao ar livre, bebendo de copos de plástico em um piquenique. Mas havia algo no fundo. Perto dos arbustos do parque onde a foto foi tirada, estava uma figura sombria. Você não notaria ele, se não fosse pela pequena sombra que se formava na grama.
Me encostei na cadeira por um momento e deixei o ar sair de meus pulmões. Era estranho demais. Estava tão preso em observar minha menininha crescer que mal parei para pensar como isso acabaria. Momentos como esses são tão surreais que você não se vê neles. Eu quase sentia como se eu estive me observando vendo aquilo, como se fosse em um sonho ou programa de televisão.
Continuei.
A figura sombria começou a ficar cada vez mais presente nas fotos. Eu já quase conseguia ver as feições. Sua presença era imponente, e enquanto folhava as páginas eu esperava vê-lo desaparecer. Mas ao invés disso, enquanto as fotografia chegavam perto dos seus dezoito anos (a cada aniversário aparecia uma legenda escrita "Outro ano" de baixo da Polaroid) ela não estava mais em qualquer lugar que eu conhecesse.
Em vez disso, as fotos eram dela em uma pequena casa obscura. O rosto dela estava coberto de medo, e fazia poses estranhas. As vezes ela estava vestida tipo uma rainha antiga outras vezes como uma faxineira, enquanto esfregava o chão. A figura estava bem perto agora. As pernas dele pernas ou seus braços apareciam em todas as fotos. Não importava como ela estivesse vestida, seu rosto sempre parecia estar em constante estado de dor e desespero. Isso estava me matando. Parecia muito magra, tipo doente.
Eu não conseguia mais.
Isso era doentio. Totalmente doentio.
Minha menina.
Continuei bravamente.
A última foto que vi antes de fechar o livro e jurar nunca mais abrir, era de seu aniversário de 18 anos. A legenda em baixo dizia "Finalmente!" em uma letra corrida.
Ela estava olhando diretamente para a câmera, chorando. Estava de joelhos, vestida com um vestido de gala preto - com uma maçã na boca e com os braços amarrados nas costas. A maquiagem estava arruinada pelas lágrimas. Como se estivesse pedindo piedade, implorando para que eu a ajudasse. Mas eu não podia.
Fechei o livro e sai da cozinha, meu corpo se contorcendo com o meu choro.
Eu não podia chamar a policia, claro. Ela estava morta.
Mas o que me deixa acordado a noite não foi o conteúdo que eu vi.
E sim que ainda existe muitas páginas para serem vistas.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
QUARTO 733
O quarto do suicídio. Era assim que eles apelidavam o quarto 733 – como se eu já não tivesse muito para me preocupar no primeiro dia –.
Nós tínhamos ficado com o 734 no Reilly, que por falar nisso, não era estava na área mais bonita do prédio da ala sul. Não, nós nos encontrávamos na parte mais velha do prédio, mais precisamente no 7º andar.
No entanto, eu não fiquei tão chateada, pelo menos eles aceitaram que eu ficasse junto com a minha melhor amiga.
Lydia e eu ficamos a maior parte da manhã dentro do quarto, quando a supervisora passou por nosso quarto eu estava colocando alguns pôsters na parede e Lydia estava lendo.
“Olá, garotas. Eu sou a Beth!” Piou a garota loira enquanto entrava no nosso quarto. “Vou ser a supervisora de vocês esse ano.”
“Oi.” Fiz que sim com a cabeça para ela.
“Nossa, vocês são bem rápidas.” Ela disse, olhando para nossas camas arrumadas e nossas roupas dobradas. Beth pegou um desenho do Cthulhu* que Lydia havia feito nesse verão e começou a examiná-lo. “Esse é o Kraken, de Piratas do Caribe?”
Lydia a encarou com o livro ainda em mãos. “Ah, então—” Beth continuou “Eu sei que nossa ala não é tão nova quanto a ala sul, mas pode acreditar, tem bastante história aqui. Essa ala tem quase 60 anos.”
“É, dá pra perceber.” Eu disse e passei os olhos no quarto “Os quartos são bem pequenos.”
“Bom... as pessoas eram menores nos anos 50.” Beth deu de ombros.
“Sério?” Lydia disse, mostrando muito pouco interesse.
“Sim, sério.” Beth franziu os lábios e ficou parada lá enquanto o quarto se enchia de silêncio desconfortável.
“Então...” Eu disse, “O último quarto, vizinho ao nosso—733? Não é? Ele parece bem maior que esse... Ele já esta ocupado? Se não tiver talvez a gente possa—”
“Você não vai querer aquele quarto.” Beth interrompeu, “Houveram alguns suicídios lá. Enforcamento e... já saltaram da janela também se eu me lembro bem. Eles não permitem que ninguém pegue aquele quarto... E eu gostaria de lembrar que esse andar é somente para garotas, e garotos não são permitidos depois das 23.”
Antes que pudéssemos responder, Beth deu uma palminha e disse “Bom, foi legal conhecer vocês.” E saiu do quarto.
Lydia derrubou o livro na cama e fitou a parede. “A odeio.”
“Você ouviu o que ela disse?”
“O novo apelido dela é Beth Imbecil.”
“Lydia, estou falando sério. Suicídios?”
“Becca, relaxa. Todo campus tem alguns suicídios.”
“Tá, mas... no mesmo quarto?”
Lydia suspirou. “Quem liga? Não é nosso quarto.”
“É verdade.” Eu me virei para a pequena janela no nosso quarto. “Dá pra imaginar subir até essa janela minúscula e se jogar? Você ficaria viva por no máximo 5 segundos antes de chegar ao chão.”
“Porra, Becca. Dá pra parar?” Lydia passou os olhos na janela e fez uma careta. “Você sabe que eu odeio altura e só de falar disso já aumentou minha pressão.”
“A gente bem que podia pegar o quarto do suicídio” Eu provoquei, “Ele tem uma janela em cada lado.”
“Não fode.”
“Ok, ok. Mas sério, pensa nisso. Seria preciso muito esforço pra sair por essa janelinha.”
“Pois é, mas vale lembrar que as pessoas eram bem menores naquela época.” Lydia murmurou enquanto puxava sua cama para longe da janela.
Lydia era extrovertida e fácil de lidar e isso fez com que conseguíssemos amigos mais rápido do que pensei, nós fomos em um monte de festas nas primeiras semanas e em um delas, Lydia conheceu um cara. Eu a conhecia desde que saí das fraldas então eu dei um palpite de que ela estaria namorando ele até o final de Setembro. O nome dele era Mike e ele não era nada especial; apenas o padrão e fazia parte de uma fraternidade.
Depois de mais ou menos um mês no campus nós diminuímos as festas e focamos mais nos estudos, passando mais fins de semanas no quarto do que fora. As notas do semestre estavam quase saindo e eu pretendia manter uma nota boa no meu primeiro ano.
Uma noite no começo de Outubro eu fui acordada por um rangido alto e insuportável; eu sentei na cama e fiquei tentando ouvir novamente, Lydia também estava acordada e tentando escutar.
SLAM
Mas que porra? Ela murmurou para mim.
Não era fora do normal ouvir barulhos no corredor, até porque muitas pessoas chegavam das festas altas horas da noite. Mas esse som definitivamente estava vindo do quarto ao lado.
GRIND
“Isso é—?”
“Sim—” Ela sussurrou. “É a janela do quarto ao lado.”
Por culpa da insistência de Lydia a nossa janela havia ficado fechada desde sempre. No entanto, não tinha como dizer que não era a janela do quarto 733 abrindo e fechando pausadamente.
SLAM
“Quem está lá?”
Lydia deu de ombros.
“Será que tem alguém tentando assustar a gente? Tipo alguma iniciação ou brincadeira?”
Lydia levantou uma sobrancelha. “Iniciação pra que?”
“Eu sei lá, universidade? Talvez estejam brincando com os calouros?”
GRIND (Abriu novamente)
“E quem estaria brincando com os calouros?”
Eu dei de ombros.
SLAM (fechou)
“Becca, eu te amo, mas isso foi estúpido.”
Eu joguei uma almofada nela. “Seja quem for, vai pedir pra eles pararem.”
“Eu? Eu não vou arriscar ser jogada da janela!”
GRIND
“Eu sei que eu não vou...”
“Eu estudo artes e você, ciências políticas, então você vai lá e manda eles pararem!”
“Não fode.”
“Então chama a Beth Imbecil, não é ela que tem que lidar com essa porcaria sem sentido?”
SLAM
“Eu não vou chamar ela, não joga isso pra cima de mim.”
“Então tá,” Lydia sussurrou de forma mais alta “a gente vai ter que ignorar.”
“Eu tenho aula ás 07:30.” Eu sussurrei.
GRIND
“Então faz alguma coisa.”
“Ugh!” Eu levantei da cama e abri a porta com força e dramaticamente e comecei a andar em direção ao quarto 733 onde havia um pequeno aviso que simplesmente dizia “Quarto de Suprimentos”.
“Tem gente tentando dormir, para com essa merda!” Eu disse e não recebi resposta.
SLAM
“Cara é sério...” Eu tentei abrir a porta e imediatamente percebi o problema, o quarto 733 estava trancado por fora. Eu soltei a maçaneta e praticamente corri para o meu quarto.
“O que aconteceu?” Lydia perguntou.
“Eu não vou nem passar perto daquela merda de quarto de novo. Está trancado por fora, eu não sei como alguém conseguiria entrar lá.”
“Então você está dizendo que tem um fantasma lá?” Lydia sorriu.
“Não, eu estou falando que tem uma porcaria assustadora acontecendo naquele quarto que por acaso é chamado de ‘quarto do suicídio’”
Lydia suspirou e rolou na cama para tentar dormir. “Você deveria estudar drama.”
Nós não ouvimos a janela naquela noite novamente e na manhã seguinte estava claramente visível que as janelas do quarto estavam completamente abertas.
Eu observei as janelas durante uma semana e elas continuaram abertas.
Durante as noites, eu achei ter escutado várias vezes objetos rolando no chão.
Lydia nunca acordava com esses barulhos, então eu não dizia nada a ela.
Durante uma tarde eu estava sozinha editando algumas notas no notebook, eu estava usando fones, mas a música não estava alta o suficiente para me impedir de escutar o barulho de alguém batendo na porta.
“Entra.” Eu disse sem tirar os olhos da tela. Um momento se passou e eu ouvi novamente a batida, tirei meus fones e fechei o notebook.
“Pode entr—” Eu comecei, virando para olhar.
Que merda. A porta estava completamente aberta, e eu havia deixado aberta de propósito já que Ian (Um garoto que eu estava ficando) ia passar por lá. Eu ouvi a batida novamente, atrás de mim e eu literalmente pulei da cadeira.
Dessa vez estava vindo do outro lado da parede – o closet. O closet que ficava na parede dividida com o quarto 733.
“Lydia, isso não tem graça.”
Nada.
“Lydia, eu juro por deus eu vou socar sua cara.”
Silencio.
Eu andei até o closet e segurei a maçaneta. “Lydia, você é uma completa—”
“Completa o que?” Ouvi a voz dela vindo do corredor – atrás de mim. Eu soltei a maçaneta e dei passos para trás, meus olhos estavam arregalados. Lydia jogou as coisas dela na cama e virou para mim, cruzando os braços.
“Uma completa o que?”
“Eu—eu achei que você estava se escondendo no closet.” Eu disse.
“O que? Por quê?”
“Porque alguém estava batendo na porta.”
“Meu Deus, Becca.” Lydia disse, passando uma mão na testa e indo em direção ao closet, abrindo as portas logo em seguida. Não havia nada lá além de roupas e caixas. Ela estendeu um braço para o closet como se estivesse dizendo “Viu?”
“Eu juro—”
“Becca, não tem nada aqui.”
“Eu sei o que eu ouvi.”
Nós ficamos uma fitando a outra até que nossa pequena discussão foi interrompida pela chegada de Ian. Ele imediatamente sentiu a tensão no quarto.
“Oi, moças... quais são as novidades?”
Eu continuei fitando Lydia de uma maneira não muito amigável. “Tem alguma merda acontecendo no quarto vizinho, mas isso não é novidade.”
“Qual? O 735 ou o vazio?”
“O vazio.” Lydia falou enfatizando a palavra ‘vazio’.
“733... Bom, eu não estou surpreso, é o quarto do suicídio.”
“É, nós ouvimos falar sobre as mortes.” Eu sentei na cama.
“É bastante esquisito, três suicídios em apenas um quarto.”
“Três?” Lydia disse, franzindo o cenho. “Nos disseram que foram dois.”
“Bom, teve um casal nos anos 70 e depois um cara... uns 10 anos depois. Ele pulou da janela.”
Eu e Lydia nos olhamos, assustadas, e mesmo sabendo que era ela que tinha medo de altura, eu não conseguia imaginar uma morte pior do que essa.
“Eu admito que três suicídios no mesmo quarto seja perturbador.” Ela disse, num tom mais calmo, como se estivesse pedindo desculpa.
“Eu ouvi que tem algo lá.” Ian disse.
“Tipo o que?”
“Ninguém sabe, mas todo ano alguém aparece com uma teoria nova, geralmente perto do Halloween alguma coisa é publicada no jornal do campus—mas seja o que for eu não acho que seja amigável.”
“Mais alguém já se matou em outro quarto?”
“Não, só o 733. Eu fiquei surpreso quando ouvi que iam abrir a ala norte esse ano.”
“Eles nos disseram que essa era a maior turma de calouros em 20 anos.”
“É, eu ouvi isso também. Vocês podem sempre pedir uma mudança de quarto.” Ian disse, sentando na cama e eu me apoiei nos ombros dele.
“Eles não iam nos deixar juntas novamente.” Lydia interrompeu. “Becca e eu somos melhores amigas desde pequenas, nós não vamos dividir quarto com outras pessoas.”
“Então a gente vai continuar aqui, vivendo do lado de Satã?” Eu fitei a porta novamente e Lydia deu de ombros. “Pelo menos vamos ter algo pra contar depois que nos formarmos.”
“Esses não são os tipos de história que quero contar.”
Alguns dias depois, Lydia começou a acreditar na minha história do closet. Eu acordei no meio da noite com o som de alguém sussurrando, olhei para Lydia e ela já estava olhando de volta, com olhos arregalados.
Ela levou um dedo aos lábios lentamente.
Eu ouvi calmamente, tentando entender o que a voz estava dizendo e de onde estava vindo, mas eu não conseguia entender uma palavra sequer. Eu levantei da cama na ponta dos pés e fui para a cama de Lydia.
Os sussurros estavam definitivamente mais altos lá, provavelmente porque a parede dela era a mesma do 733. Eu tentei escutar novamente.
Nunca......pega....bocas....dos idiotas.....
Mas que porra? Lydia encostou a orelha na parede e os suspiros simplesmente sumiram e eu encostei-me à parede logo em seguida. De repente, ouvimos um alto “bang” do outro lado, o que fez com que Lydia tirasse o ouvido da parede e choramingasse de dor, colocando uma mão no ouvido.
Alguém estava lá.
Com mais raiva do que medo eu abri a porta do quarto e fui em direção ao 733, batendo meus punhos com força na porta, não me importando se alguém iria acordar ou não.
“Você tá’ de brincadeira?” Eu gritei para a porta. “Essa merda não tem mais graça. Sai desse quarto, seu otário.”
Silencio.
E então a maçaneta começou a girar.
Eu não sei o que eu esperava, mas com certeza não era aquilo, eu me afastei tão rápido da porta que me bati na parede em frente. Assim que a maçaneta foi girada por completo, a porta começou a abrir, um rangido insuportável começou, mas a porta não foi totalmente aberta, pois a fechadura não permitiu.
Eu segurei a respiração até que a pressão na maçaneta sumiu e ela voltou á posição normal.
Eu percebi que Lydia estava olhando do nosso quarto e suspendeu as mãos como se perguntasse “o que aconteceu?”
“Alguém se acha muito engraçado.” Eu respondi em voz alta, ela balançou a cabeça e voltou para dentro do quarto.
Eu ajoelhei e apoiei minha cabeça no chão, tentando ver por debaixo da porta, foi a primeira vez que vi o quarto por dentro.
O quarto 733 era definitivamente um quarto de suprimentos. Havia cadeiras encostadas na parede e cabeceiras de camas por todos os lados, alguns colchões estavam empilhados perto de uma das janelas e uma grande camada de pó cobria tudo que lá estava. As janelas eram absurdamente grandes e ninguém poderia notar isso se apenas olhasse para o prédio de longe.
Elas estavam abertas como sempre e eu poderia imaginar perfeitamente uma pessoa subindo e entrando no quarto de fora para dentro.
Mas o quarto não parecia que tinha sido mexido em algumas décadas, o que me fez sentir um frio na espinha.
A luz da lua, que por sinal era a única coisa me ajudando a enxergar dentro do quarto, simplesmente sumiu e a única coisa que eu conseguia ver era escuridão. Eu pisquei rapidamente antes que meus olhos começassem a doer e um momento depois, fechei eles novamente, apertando-os. Quando o abri novamente havia um grande olho amarelo me encarando de volta, apenas alguns centímetros distantes de mim do outro lado da porta.
Eu gritei e acordei metade do dormitório.
Não havia como negar que algo estava escalando a parede.
Na manhã seguinte, Lydia e eu deixamos os pedidos para mudança de quarto na direção e esperamos pelo melhor, e enquanto isso, nós duas combinamos de não dormir ou ficar nos dormitórios sozinhas, principalmente à noite. Nós começamos a passar a maioria das noites com nossos namorados.
Eu contei a Ian o que havia acontecido e ele sugeriu que eu falasse com a Sociedade Paranormal do campus. Eu marquei um horário, e nós (eu e Lydia) nos encontramos um garoto chamado Craig e quatro de seus “companheiros” na Terça seguinte.
Nós contamos tudo pra ele, do menor ao maior incidente, não importa quão pequeno parecesse. Craig e seus companheiros ficaram escutando e anotando coisas por quase 30 minutos, só falaram algo depois que nós terminamos.
“Isso é tudo?” Craig perguntou.
“Sim.” Eu disse, calmamente.
“Vocês se importariam de esperar lá fora? Eu gostaria de discutir algumas coisas com meus companheiros.”
“Não.” Lydia sorriu e levantou. “Qualquer coisa.”
A porta mal tinha fechado atrás de nós e Lydia rolou os olhos e falou: “Vamos embora.”
“Para onde?”
“Você está falando sério?”
“Lydia, qual é?! Nós precisamos de ajuda, eu estou pirando. A gente não ficou uma noite sequer no nosso dormitório desde o que aconteceu, isso não é algo que a gente simplesmente esquece.”
“Tá.” Ela levantou as mãos. “Vamos ouvir o que eles têm a dizer e depois verificar o que fizeram em relação aos nossos pedidos dos quartos.”
Nós ficamos no corredor durante uns 15 minutos e Craig apareceu na porta, engolindo em seco e deu seu diagnostico.
“Vocês estão lidando com um fantasma muito raivoso, moças.”
“Essa é sua opinião profissional, Craig?” Lydia disse e eu a fitei.
“Sim, um espírito—”
“Um espírito?” Eu perguntei, duvidando muito que era aquilo que estava lá.
“Sim.” Respondeu um dos amigos de Craig. “Isso significa fantasma, para os leigos.”
“Pelo amor de Deus!” Lydia falou e massageou as têmporas.
Confundindo a frustração de Lydia com desespero, Craig se apressou na resposta: “Vocês não precisam ficar com medo, nós vamos tomar conta de vocês. É verdade que espíritos podem ser uma dor de cabeça se as pessoas não sabem lidar com ele, e é bom que vocês tenham vindo á nós. Suicídios quase sempre resultam em espíritos raivosos, eles precisam se vingar.”
“De quem?” Eu perguntei.
“Outros estudantes, talvez esse espírito tenha sido incomodado de uma maneira exagerada, o que pode ter feito com ele tirasse a própria vida e agora ele atormenta os outros.”
“Escuta—”
“Nós podemos tomar conta disso pra vocês agora mesmo, tudo que pedimos é uma contribuição para a nossa sociedade,” Craig continuou. “Nós não tínhamos ideia de que havia tanta atividade assim no quarto, é realmente muito interessante.”
“Ótimo, bom... Obrigada pelo seu tempo.” Lydia disse enquanto agarrava minha mão e me puxava pra fora.
“Vocês querem marcar algo para esse fim de semana?” Craig perguntou.
“A gente te liga!” Lydia disse puxando minha mão ainda mais e me jogou olhares, nós não falamos nada até alcançarmos o prédio da administração.
“Aquilo foi uma perda de tempo.” Ela disse.
“Olha, eu não discordo de você, mas—”
“Becca, não me diz que você acreditou naquilo?”
“Então você não acha que seja um—” Eu estava tendo problemas em dizer a palavra, soava ridículo. “...fantasma?”
“Eu não sei, mas eles também não! Aquele cara não fazia idéia do que ele estava falando.” Abaixei o capuz do casaco enquanto nós entravamos na administração do campus. “Deixa eu te explicar, eles tão brincando de Ghostbusters e nós estamos vivendo na porcaria do O Exorcista.”
“Tá,” Eu suspirei. “E o que você quer fazer? Dormir no Mike e no Ian até recebermos outros quartos?”
“Eu só quero que isso acabe.” Lydia disse, cruzando os braços e olhando pra frente. Nós duas queríamos que isso acabasse, se pegássemos um quarto longe daquele não seria mais tão assustador, mas ainda assim seria um incomodo.
“Ok, bom, provavelmente nós estamos salvas durante a luz do dia então é só não passar as noites lá que estamos bem. Não é como se o fantasma estivesse lá dentro, e nossos pedidos devem sair logo.” Eu chequei meu relógio. “Merda, são quase 14:00!”
“Nossa, sério? Eu tenho que ir, Mike foi aceito na Sigma Chi e a iniciação dele é hoje.”
A garota na mesa acenou para nós, e eu nem havia percebido que já estava na nossa vez até aquele momento. “Me diz o que eles decidiram depois,” Lydia disse enquanto corria para a porta, a garota na mesa me olhava suspeita enquanto eu me aproximava. “Oi, eu sou—”
“Você é a garota tentando sair do 734, não é?” Ela me pegou de surpresa. “Sim, uma delas. Como você sabe?”
“Desculpe, eu ouvi sua conversa. Eu vi também seu pedido de mudança alguns dias atrás, e eu preciso perguntar, qual o motivo da transferência, exatamente?”
Eu estava cansada... Exausta na verdade. Não estava com cabeça pra pensar numa mentira.
“Porque tem umas merdas acontecendo no quarto vizinho e está nos assustando, barulhos, sussurros, batidas e na última noite eu vi alguém.”
“Você viu alguém?”
“Sim.”
“No quarto 733?”
“Sim, eu olhei por baixo da porta. Tinha definitivamente alguém lá.”
A garota me fitou por um momento e então acenou com a cabeça sem motivo algum. “Bem, seus quartos ainda não estão prontos, mas eu fiz com que eles se tornassem prioridade, por enquanto você está sem saída. Não tenho onde colocar você agora.”
Eu suspirei, já imaginava.
“Eu sou a Alice,” ela continuou “e, olha, eu já fiz muitas pesquisas sobre os suicídios no 733 e eu acho que posso ajudar, ou pelo menos tentar te dar outra perspectiva.”
“Sério?” Eu perguntei hesitante.
“Sim. Eu estou no Taylor Hall, quarto 310. Eu vou sair do trabalho ás 16:00 hoje.”
“Obrigada, nós acabamos de sair da Sociedade Paranormal do campus.”
“Ok, não precisa falar mais nada.” Ela disse, rolando os olhos.
“Hum, então eu vejo você ás 16:00?”
“Ótimo.”
Eu cheguei mais cedo no dormitório da Alice, e ela já estava lá. Eu contei nossa história pela segunda vez naquele dia e Alice não teve medo de interromper com algumas perguntas, ela estava interessada. Quando eu acabei ela encostou na cadeira e suspirou profundamente.
“Não posso acreditar,” Ela fez que não com a cabeça. “Eu sempre ouvi rumores, mas honestamente? Sempre duvidei que fosse verdade.”
“Eu posso jurar que tudo que lhe contei é verdade.”
“E como é agora? Quando você está lá?”
“Nós não ficamos lá durante a noite, mas durante o dia escutamos arranhões nas paredes, alguns sussurros baixinhos e ás vezes nós ainda escutamos as janelas abrindo e fechando. Em plena luz do dia, mas toda vez que eu olho as janelas ainda estão abertas.”
Alice fez que sim com a cabeça. “Bom, eu não acho que você esteja em perigo, mesmo sabendo que incomoda, é simplesmente acaso, poderia acontecer com qualquer outra pessoa. Vocês só precisam ficar fora do quarto 733.”
Eu bufei. “Você está brincando? Eu nunca entraria lá.”
“Eu acredito que você acredite nisso, mas seja o que for isso, é manipulador, inteligente e mentiroso. E é mais esperto que você.”
“Estou tentando não ficar ofendida com isso.”
“Não fique, eu não quis ofender.”
“O que você acha que é?”
“Algo muito antigo e muito maldoso.”
Eu analisei a resposta e deixei meus olhos passearem pelo quarto dela pela primeira vez desde que entrei, eu não havia notado a decoração antes, mas observando melhor dava pra perceber que ela tinha muito interesse no oculto.
“Eu não consigo imaginar nenhum tipo de situação que me colocaria naquele quarto.”
“Eu sei, mas você tem que estar preparada que em algum momento você terá que tomar uma decisão sobre entrar ou não naquele quarto. Afinal, com o que você está lidando? Já matou 5 pessoas.”
“5? Eu achei que fossem 3!”
“Bom, nem todo mundo fez o tipo de pesquisa que eu fiz. Vamos ver, teve Ellen Burnham em 1961 – ela pulou da janela e foi a primeira de todos. E então, Tad Collinsworth em 1968 – ele pulou também. Marissa Grigg, em 1975, ela se enforcou. Erin Murphy, em 1979 – saltou da janela. E finalmente Erik Dousten, em 1992 – se enforcou.”
“Cinco suicídios? Como ainda existem alunos morando naquele quarto?”
“Não existem, aparentemente é um quarto de suprimentos.”
“E antes?”
“Os que sabiam se graduaram e os novatos não sabiam de nada, a internet não era o que é hoje, então eles chegavam aqui sem saber de nada sobre isso... Até a última morte, Erik Dousten – foi aí que eles fecharam a ala norte e construíram a ala sul.”
“Então o que ele quer?”
Alice deu de ombros. “Caos, mortes, almas... Quem sabe? Ninguém nunca soube o que é.”
“E o que nós sabemos?”
“Bom, nós sabemos que tem uma conexão com o quarto e pouca influencia fora dele, sabemos que os que morreram estavam sozinhos e sabemos que ele é esperto. Só isso.”
Não era suficiente. “Você tem um palpite do por quê?”
“As vítimas?”
Eu fiz que sim com a cabeça.
“Tudo que eu sei é o que está nos arquivos de evidencia, todos os suicídios foram encontrados com fotos e imagens que naquela época eram ilegíveis. Elas continham coisas horríveis e diabólicas que provavelmente fariam você se sentir mal só pela leitura.”
“E foram essas pessoas que desenharam e escreveram isso?”
“Aham, seja o que for que esteja lá, os deixou malucos.”
“Isso é assustador.”
“Vocês já consideraram chamar alguém para benzer o lugar?”
“Meu Deus, o que?”
“Bom, talvez vocês demorem pra pegá-lo, mas quem sabe... com ajuda de alguém da igreja.”
“Você está falando sobre um exorcismo.” Alice deu de ombros novamente, “Talvez. O rumor nos anos 70 foi que tudo começou com uma partida de Ouija que deu errado em 1961.”
“Sério? Aquela merda é feita pela Hasbro.”
“Não nos anos 60... Mas de qualquer forma é apenas um rumor. A única pessoa que saberia disso é o Tom Moen, da administração. Eu tentei falar com ele, mas ele se recusa a me ver.”
“Ele estava aqui em 1961?”
“Sim, e ele estava no seu prédio.”
“Nós precisamos falar com ele, precisamos saber o que diabos está acontecendo ou eu não conseguirei viver o resto da minha vida como uma pessoa normal.”
“Nós podemos tentar achar ele no campus.”
“Podemos falar com ele amanhã?”
“Podemos tentar.”
Sr. Moen não nos viu nem naquele dia e muito menos no próximo. Nós tentamos falar com ele na hora do almoço e novamente quando ele estava saindo do trabalho... Estava claro que o velho nos evitava.
Lydia e eu não nos vimos muito depois que decidimos continuar dormindo em outros dormitórios. Eu ia ao meu quarto duas vezes no dia – uma vez de manhã e outra de tarde. O quarto geralmente estava silencioso, mas isso não fazia eu me sentir melhor. Eu sempre sentia algo errado do outro lado da parede, algo me observando. Parecia a calma antes da tempestade.
Na Quinta-Feira antes do Halloween eu fui ao dormitório tomar banho, um pouco mais tarde do que o normal, mas ainda assim não era noite. Eu tinha visto Lydia mais cedo e ela me disse que tinha muitas roupas no outro dormitório então eu sabia que não a veria essa noite.
Eu tomei banho no final do corredor e fui para o meu quarto trocar de roupa. Eu ia encontrar o Ian e ir para uma festa, então eu só queria dar o fora o mais rápido possível.
O silêncio também estava me deixando nervosa então eu liguei meu Ipod e AC/DC começou a tocar.
Eu me vesti e fiquei na frente do espelho secando meu cabelo, eu abaixei minha cabeça por um momento e comecei a correr meus dedos nos fios do meu cabelo, tentando dar algum volume. Assim que eu olhei para o espelho novamente percebi que a música já não tocava mais.
Mas isso não foi a única coisa que eu percebi.
Não era mais o meu quarto, atrás de mim estavam as cabeceiras das camas enferrujadas e empoeiradas e as enormes janelas do 733. Eu olhei pra trás em pânico e percebi que eu realmente estava no meu próprio quarto.
Olhei para o espelho novamente e vi o 733 ainda refletido lá, fiquei paralisada por um momento pensando no que fazer, mas um pequeno movimento perto de mim foi o que me fez correr.
Eu agarrei minha bolsa e o celular e sai do meu quarto batendo a porta atrás de mim, assim que o elevador chegou, eu liguei para Alice.
“Não posso fazer mais isso,” Eu disse assim que ela atendeu. “Não posso voltar naquele quarto outra vez, nunca mais.”
“O que aconteceu?”
Eu contei a ela.
“O que você quer fazer?” Ela perguntou.
“Eu preciso falar com alguém que saiba o que está acontecendo, Tom Moen é o único que estava aqui em 1961?”
“Que eu saiba o único, talvez a gente consiga falar com ele amanhã pela manhã? Nós vamos encurralá-lo e não vamos sair de lá até eles nos contar algo. Ele sempre chega ás 6:30, você quer me encontrar na frente do Starbucks no Atrium?”
“Quero! Eu tenho aula ás 7:30 mas eu vou filar.”
“Ok, vejo você lá.”
Eu nunca gostei muito de festas, mas eu estava feliz que fui pra uma, assim que chegamos lá pedi a Ian uma bebida. Eu não sou muito de beber e ele me deu o copo com as duas sobrancelhas erguidas.
Eu expliquei o que havia acontecido brevemente pra ele, esperando que ele não me chamasse de louca.
Ian me deu uísque e coca, apenas a primeira dose de muitas.
Eu saí da casa pra fumar e olhei meu celular, tinha uma mensagem de voz da Lydia, deixada ás 23h04min.
“Oi, becca. Escute, eu só... ugh. Eu tive uma briga com o Mike. E ele, quer dizer, eu acho que a fraternidade dele decidiu que todos os calouros têm que passar a noite no quarto do suicídio, no nosso dormitório, eu simplesmente não entendo... Ele sabe o que têm acontecido conosco e ele ainda assim aceitou isso. Ele agora quer me convencer de que Sigma Chi está por trás disso tudo que vem acontecendo no 733 porque eles já vem preparando todos para a brincadeira de Halloween. Eu não—”
Eu finalizei a gravação e botei meu celular na bolsa, era compreensível que a Lydia estivesse puta, isso não era bom. Não mesmo.
Eu achei Ian e pedi que me levasse pra casa, eu estava muito estressada, muito cansada e muito bêbada.
Quando o alarme tocou ás 06:00 eu tive que usar todas as forças do meu corpo pra sair da cama. Eu me vesti com as mesmas roupas que usei na noite passada e atravessei o campus em direção ao Atrium.
Alice já estava lá me esperando com um copo de café preto nas mãos, “Achei que você fosse precisar disso.” Ela sorriu.
“Como você sabe?”
“Suas mensagens.”
“Eu mandei mensagem pra você ontem?”
“Sim, ás 01:00,você me contou sobre Sigma Chi.”
“Ai, meu Deus. Sim...” Eu tirei os óculos.
“Aqueles caras são uns idiotas! Lembra quando eu te disse que aquilo era esperto? E se o motivo de estiver mexendo com você era fazer o quarto ficar provocativo, entende? Pra seduzir a pessoas e fazer com que elas entrem. Ninguém entra lá há anos, você pode imaginar o quão desesperado aquilo está?”
“Você acha mesmo que eles estão correndo risco?” Eu perguntei e sentei no meio-fio do prédio.
“Sim... na verdade a única coisa a favor deles é que todas as outras vítimas estavam sozinhas na hora que morreram.”
“Então fica menos poderoso quando tem mais gente?”
“Teoricamente. Nós saberíamos muito mais se tivéssemos uma idéia do que é, e nós não podemos saber o que é sem saber como chegou lá, e é por isso que precisamos do Moen.”
“Que horas ele chega?”
“Na verdade, 20 minutos atrás.” Alice disse com um sorriso nos lábios.
Levamos 1 hora e meia pra perceber que o Sr. Moen havia nos evitado novamente, nós fomos ao escritório e imploramos por uma visita com ele de qualquer jeito.
A mulher na recepção nos recebeu friamente. “Tom não está vindo hoje, nem algum outro dia. Ele pediu demissão ontem, parece que vocês não irão incomodá-lo mais.”
“Não estávamos incomodando ele.” Eu disse. “Nós só precisávamos falar com ele desesperadamente.”
“Ainda precisamos.” Alice completou.
“Bom, vocês não vão conseguir nada sobre a vida pessoal dele comigo.” Ela disse por último e começou a caminhar.
“Que porra a gente faz agora?” Eu perguntei a Alice.
“Com o Tom não temos mais nada a fazer,”
“Alice, merda, eu não posso voltar naquele quarto.”
“Bom, então espero que você fique feliz em saber que suas transferências chegaram.”
“Chegaram?”
“Sim, eu vi a noticia quando chequei meu e-mail hoje mais cedo. Você vai para Morton e Lydia vai para Tinsley.”
“Ah, obrigada Deus.”
“Eu achei que você fosse gostar disso, eu convenci meu chefe a não colocar mais ninguém no quarto 734.”
“Ainda bem.”
“A única coisa é que você não pode se mudar pelo menos até Segunda.”
“Eu posso durar um fim de semana, especialmente agora que sei que acabou. Tenho que contar pra Lydia.”
Eu peguei meu celular e ia discar o numero da Lydia, mas minha atenção foi chamada para o ‘1’ vermelho no canto da tela, que indicava uma mensagem de voz. Eu apertei play, era o resto da mensagem da noite passada.
“—nem olhar mais pra aquela cara estúpida dele então eu vou pra casa. Não se preocupe, vou ficar bem, estou bêbada o suficiente pra conseguir dormir e ignorar qualquer barulho do quarto vizinho. Só estou realmente irritada agora, eu ia preferir lidar com a Beth Imbecil do que com o Michael-meus-pais-devem-ser-gemeos-porque-eu-sou-muito-retardado-Benson. Vamos sair amanhã? Te amo!”
“Merda.”
Alicia me olhou, questionando silenciosamente.
“Lydia dormiu no nosso quarto.”
Alice encolheu os ombros. “Mas ela está bem, não está?”
“Se ela não entrou no 733.”
“Ela não entrou.” Eu pensei nas grandes janelas nas paredes, só aquilo faria com que Lydia ficasse bem longe daquele quarto.
“Hum, então ta. Já que não temos nada pra fazer, quer ir à biblioteca e olhar uns livros de teologia? É a única coisa aberta á essa hora.”
“Claro.” Eu dei de ombros, não tinha aula até ás 10.
A senhora que estava na biblioteca parecia ter mais de 1000 anos de idade, Srª. Stapley. Os olhos dela eram pequenos e aguados e a pele do rosto dela parecia derreter o tempo todo.
Ainda assim, ela era lúcida e nos mandou para a ala certa quando perguntamos sobre demonologia, mesmo estando com um olhar curioso no rosto. Nós lemos algumas coisas, mas não encaixava com nosso caso e o que talvez pudesse encaixar, não estava em inglês.
30 minutos depois nós retornamos para a mesa dela.
“A senhora tem alguma coisa relacionada ao ocultismo?”
“Ah, o oculto. Sim...” A voz dela sumiu por um momento. “Logo ali á direita.”
“Obrigada e desculpe.”
“Eu não acho que ela goste de nós.” Alice sussurrou enquanto nós íamos em direção aos livros.
“De nós ou dos nossos interesses?”
“Os dois.”
Uma hora depois nós retornamos a mesa dela e ela nos fitou enquanto nós andávamos, ela parecia estar suspeitando de algo.
“Hum, desculpe. Mas a senhora sabe onde nós podemos encontrar algum tabuleiro Ouija ou—”
“Escutem aqui, garotas,” Srª. Stapley levantou da cadeira e encarou nós duas intensamente. “Eu realmente espero que isso seja para alguma aula.”
“E é.” Eu disse.
“Não é não.” Alice disse simultaneamente, “É uma pesquisa pessoal.”
“Pesquisa? Que tipo de pesquisa?”
“Olha, nós não vamos destruir nada com o tabuleiro de Ouija ou algo do tipo...” Eu disse.
“Bom mesmo.” Ela disse e ajeitou a roupa antes de sentar novamente. “Porque eu não posso ter esse tipo de coisa acontecendo aqui.”
“De novo?” Alice retrucou.
A mulher mais velha pareceu desconfortável por um momento e começou a analisar uma pilha de livros que estava em sua mesa.
“Talvez nós tenhamos algo—”
“Srª. Stapley, nós queremos informações sobre o que aconteceu em 1961.” Alice interrompeu. “E também sobre o que vêm acontecendo desde então.”
“Não é um segredo, é? Um estudante cometeu suicídio naquele quarto, horrível, mas não é raro em nenhum campus universitário.”
“5 estudantes.” Eu a corrigi.
“Mas a senhora sabe disso, não é?” Alice começou a falar rápido. “Porque você soa como se você soubesse muito bem essa história. Por favor, nos diga como começou e talvez nós possamos pôr um fim.”
“Pôr um fim?” Srª. Stapley falou e sua voz parecia mais calma e concentrada. “Não seja arrogante, mocinha. Você não pode pôr um fim nisso. Pessoas sempre morreram naquele quarto e elas vão continuar morrendo, não existe fim e é melhor você ficar fora disso.”
“Mas talvez se nós soubéssemos como começou...”
“Começou como você acha que começou, mas todos os envolvidos ou estão muito velhos ou muito mortos hoje. Apenas fique longe do quarto, se concentre nos estudos.” Eu me apoiei na mesa. “Eu adoraria, mas eles me colocaram junto com a minha amiga no quarto vizinho, talvez você consiga esquecer sobre os suicídios, mas nós não, aquilo não deixa.”
“Mocinha, eu nunca esqueci.” Srª Stapley disse e sua voz estava ainda mais calma do que antes.
“Minha amiga Ellen foi a primeira a morrer naquele quarto. Ela era minha melhor amiga, e não tem uma noite que eu não pense nela tentando sair daquela janela minúscula e depois pulando do sétimo andar do prédio.”
Alice suspirou. “Desculpe, eu não sabia.”
“Bom, são apenas memórias, querida. Agora garotas, eu sugiro que vocês peçam outro quarto urgentemente, ninguém deveria estar no sétimo andar daquele prédio, e isso é tudo que eu vou dizer sobre o assunto.”
Alice suspirou e não disse nada, apenas acenou com a cabeça. Nós não iríamos descobrir mais nada aqui, mas mesmo assim, estávamos em uma situação melhor... Pelo menos tínhamos alguma informação.
Alice começou a andar e eu quase a segui, mas tinha algo me incomodando no que a Srª. Stapley havia dito. Só um pequeno detalhe.
“Srª. Stapley,” Eu disse e a cansada velhinha me olhou, “Por que você se referiu ás janelas do 733 como minúsculas? Porque eu já vi aquelas janelas e elas são gigantes, tipo, 1 metro de altura.”
“Querida, você está falando do quarto de suprimentos. O quarto 733 é do lado dele.”
“N—ão, não.” Eu estremeci, “aquele é o quarto 734.”
“Bom, é agora, quando eles construíram quartos na ala sul todos os quartos diminuíram um número.”
Meu Deus, eu me senti tonta e parecia que eu ia cair a qualquer momento.
“Merda.” Alice sussurrou perto de mim.
“Lydia.”
Nós corremos pelo campus como se estivéssemos em maratona, apenas alguns alunos nos viram e nos olharam com o cenho franzido, quando meu prédio apareceu no meu ponto de vista eu senti meu sangue gelar.
As janelas do quarto estavam fechadas, era a primeira vez que eu via isso desde o primeiro incidente das janelas.
E a janela do meu quarto estava aberta, Lydia nunca deixava a janela aberta.
Nós corremos pelo lobby, passando por alguns calouros que haviam chegado naquele momento e pegamos o elevador, eu apertei no botão 7 e vi as portas fecharem mais lentamente do que em todo o tempo que eu estive lá.
Eu encostei-me à parede, tentando respirar normalmente e virei para Alice. “Como isso aconteceu?”
“Eu não tenho ideia alguma!”
“Ela ficou lá a noite toda, Alice. No nosso quarto. Sozinha.” Alice fez que não com a cabeça mas não disse nada, quando as portas finalmente abriram a única coisa a nossa frente era um calmo e escuro corredor. Eu corri até minha porta com Alice atrás de mim e usei toda a força para abrir a porta do quarto, o que foi desnecessário afinal a porta não estava trancada.
Lydia me olhou de volta assim que entrei no quarto, e por um pequeno, cruel e doloroso momento um raio de esperança passou pelo rosto dela.
Mas era tarde demais, no segundo seguinte ela estava recostando no nada, tão delicadamente, e então se foi.
Ela gritou até alcançar o chão.
Alice correu até a janela e colocou a cabeça pra fora e eu fiquei parada, enquanto eu observava Alice levar as mãos até a boca e colocar a cabeça pra dentro do quarto novamente, o rosto dela estava branco como neve.
Os gritos lá fora ficaram maiores assim que as pessoas viram o que restava da minha melhor amiga no asfalto frio. Eu recostei no armário e suspirei.
Ela se jogou da janela... Lydia nunca se jogaria da janela.
Eu vi algumas fotografias jogadas no chão e comecei a desvirá-las. A mãe de Lydia estava em uma delas, ela está morta. Na outra, vi a irmã mais nova de Lydia, que também estava morta. Haviam dúzias de fotos como essas no chão, Lydia ficou bastante ocupada na noite passada. Eu não prestei muita atenção em todas, no entanto, a da irmã dela foi a última que vi antes de cair no chão.
Alice estava na porta, gritando algo que eu não compreendi porque a única coisa que eu conseguia ouvir era minha própria lamentação.
Um pedaço de papel escapou no do armário e eu o peguei, era um desenho de Lydia, eu o abri.
Não era como os outros, era o closet, como se ela tivesse visto do meu ponto de vista no dia que achei que era ela escondida nele, a porta estava meio aberta e tinha algo olhando pra fora.
Eu fitei a imagem e tentei ver dentro do closet, e assim que eu comecei a achar que tinha visto algo, Alice me puxou pelo braço.
“Nós temos que sair daqui.” Eu acho que ela disse.
Eu nunca voltei naquele quarto. Meus pais foram buscar minhas coisas e eu passei o resto do semestre em um apartamento fora do campus. Eu peguei minha transferência assim que o semestre acabou e eu me formei fora do estado.
Toda noite eu sonho com Lydia, tentando sair da minúscula janela, se esfregando na beirada fria, parando lá e sabendo que não haveria nada entre ela e o asfalto. Eu vejo o horror no rosto dela, eu ouço a batida feroz do seu coração, desesperadamente tentando reviver cada momento da vida que ela perdeu, mesmo sabendo que foram apenas durante poucos segundos enquanto ela caía.
Eu a vejo olhar pra mim, eu a vejo cair.
Isso aconteceu 9 anos atrás, e todo semestre eu procuro saber quais são os dormitórios disponíveis para calouros. Reilly está sempre disponível.
O sétimo andar está fechado.
“Você estava perguntando sobre quartos disponíveis em Reilly?”
“Sim, isso mesmo.”
“Há uma lista de espera grande, mas talvez você tenha ligado na hora certa. Não posso prometer nada, mas talvez você ache um quarto, nós conseguimos a aprovação hoje—”
“Aprovação para quê?” Eu disse lentamente.
“Nós estamos reabrindo o sétimo andar.”
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
PESSOAS DESAGRADÁVEIS
Você deita em sua cama em silêncio. A janela está aberta e uma leve brisa corre através dela. Você olha para o teto, vendo o tempo passar. Por que é tão difícil dormir? você se pergunta enquanto bate o calcanhar impacientemente, esperando que o sono enfim chegue até você. Você sente que não dormiu há anos, havendo passado quase 3 dias desde que você conseguiu algum fechar de olhos. Deitado ali os seus sentidos se aguçam, conseguindo escutar um farfalhar tranquilo e o pio ocasional da coruja. Seus olhos se ajustam rapidamente para observar por entre o escuro, permitindo que você veja todos os detalhes do quarto em torno de você. De repente, você ouve um estalo. Pensando que é apenas o seu cão estúpido caminhando no meio da noite, você empurra a cabeça para debaixo de seu travesseiro.
Outro estalo, seguido por um rangido mais alto. Você salta, levantando-se e pegando a arma que está na sua mesa de cabeceira. "Quem está aí!?" Você grita, apontando o seu revolver descontroladamente. Há algo do lado de fora da janela. Ele entra. Seu rosto é branco, suas sobrancelhas são negras e chamuscadas, e seu sorriso é um vermelho sangrento. Seu cabelo é longo, preto e emaranhado.
Ele usa um capuz untado com uma substância negra, provavelmente sangue. Ele avança até você, abordando-o e te forçando na cama, murmurando 2 palavras em seu ouvido: "Vá dormir". Você olha para os olhos da coisa e a empurra, recuperando o controle e olhando para ela. "Quem diabos você pensa que é pra invadir o meu quarto desse jeito?!" A coisa olha fixamente para você em choque. "Espera, o quê?" Você olha para ele com raiva em resposta. "E por que diabos você me mandou ir dormir?! Eu estava quase dormindo, quase, mas NÃAO, você tinha aparecer aqui e estragar tudo!"
Ele começa a caminhar para a janela. "Eu... eu vou... eu vou ir embora, ok? Hehe..." Ele mergulha para fora da janela, correndo para a escuridão da noite. Você recoloca a arma de volta em sua mesa e deita-se na cama, suspirando e falando em voz alta. "Meu Deus, essas pessoas de hoje em dia..."
Outro estalo, seguido por um rangido mais alto. Você salta, levantando-se e pegando a arma que está na sua mesa de cabeceira. "Quem está aí!?" Você grita, apontando o seu revolver descontroladamente. Há algo do lado de fora da janela. Ele entra. Seu rosto é branco, suas sobrancelhas são negras e chamuscadas, e seu sorriso é um vermelho sangrento. Seu cabelo é longo, preto e emaranhado.
Ele usa um capuz untado com uma substância negra, provavelmente sangue. Ele avança até você, abordando-o e te forçando na cama, murmurando 2 palavras em seu ouvido: "Vá dormir". Você olha para os olhos da coisa e a empurra, recuperando o controle e olhando para ela. "Quem diabos você pensa que é pra invadir o meu quarto desse jeito?!" A coisa olha fixamente para você em choque. "Espera, o quê?" Você olha para ele com raiva em resposta. "E por que diabos você me mandou ir dormir?! Eu estava quase dormindo, quase, mas NÃAO, você tinha aparecer aqui e estragar tudo!"
Ele começa a caminhar para a janela. "Eu... eu vou... eu vou ir embora, ok? Hehe..." Ele mergulha para fora da janela, correndo para a escuridão da noite. Você recoloca a arma de volta em sua mesa e deita-se na cama, suspirando e falando em voz alta. "Meu Deus, essas pessoas de hoje em dia..."
SORRINDO
Nas paredes haviam retratos dos membros de sua família que assistiam e induziam indiretamente Evita a não causar nenhum problema enquanto ela estava sozinha em casa. O mesmo sorriso assumia cada um de seus rostos - largos, forçados, com os dentes a amostra - não exagerados, mas fabricados.
Os três amigos estavam sentados no chão, cercados por cinco velas acesas e com as mãos descansando acima de um ponteiro de uma Tábua Ouija. Ele se moveu como num bombardeio para a esquerda, desacelerou em uma parada e apontou para a letra "E". "DANE-S... E?". Evita olhou para Daisuke, que escondia um sorriso e mantinha os olhos para baixo. Claire olhou ao redor da sala escura. "Dane-se? Danem-se vocês, caras", disse Evita. Evita muitas vezes jogou dados e consultou cartas de tarô para tomar decisões importantes. E hoje à noite, enquanto seus pais estavam fora, ela chamou seus amigos para invocar um espírito para aconselhá-la sobre uma questão da faculdade. "Não fui eu", disse Daisuke. Ele se levantou do chão e estendeu sua mão em direção ao teto, lançando seu sorriso bobo para ela em seguida. "Certo", disse Claire. "Então eu acho que foi o fantasma, né? Porque não fui eu".
Os três amigos trocaram olhares rápidos, e em seguida, caíram na gargalhada. "Que seja", disse Evita. "Danem-se todos vocês. Vocês sabem que eu levo essas coisas a sério." As chamas das velas ao redor piscaram. "De qualquer forma", disse Evita. "Vocês têm que sair daqui, agora. Meus pais vão voltar daqui a pouco. Eles iriam pirar se vissem isso." Eles se levantaram e se dirigiram até a porta. Evita abriu e sorriu enquanto eles passavam. "Boa noite, idiotas", ela exclamou, fechando a porta.
Evita ligou a luz e se virou, tornando-se consciente do autoritário silêncio do quarto. Enquanto caminhava em direção às velas e a tábua Ouija, sentiu como se alguém estivesse olhando para ela. Observando-a. Ela rapidamente apagou quatro das velas, e quando estava prestes a assoprar a última, sentiu como se o tabuleiro Ouija estivesse desafiando-a a fazer solitariamente uma pergunta final.
Evita nunca se intimidou com o desconhecido, e com certeza ela não queria começar agora. Ela colocou os dedos sobre o ponteiro. "Como...", respirou fundo "... eu vou morrer?" O ponteiro logo se deslocou em movimentos minúsculos e lentos. Seu coração acelerou enquanto ela desesperadamente dizia a si mesma que eram as suas mãos nervosas que faziam com que ele se movesse. Ele deslizou e apontou. Primeiro para um F, então para um O, depois para um G, e finalmente... para um O.
Evita ouviu um rangido atrás dela. Quando ela se virou para ver, acidentalmente bateu na última vela com a mão esquerda. Ninguém estava lá. Apenas uma fotografia de sua família, sorrindo.
Os três amigos estavam sentados no chão, cercados por cinco velas acesas e com as mãos descansando acima de um ponteiro de uma Tábua Ouija. Ele se moveu como num bombardeio para a esquerda, desacelerou em uma parada e apontou para a letra "E". "DANE-S... E?". Evita olhou para Daisuke, que escondia um sorriso e mantinha os olhos para baixo. Claire olhou ao redor da sala escura. "Dane-se? Danem-se vocês, caras", disse Evita. Evita muitas vezes jogou dados e consultou cartas de tarô para tomar decisões importantes. E hoje à noite, enquanto seus pais estavam fora, ela chamou seus amigos para invocar um espírito para aconselhá-la sobre uma questão da faculdade. "Não fui eu", disse Daisuke. Ele se levantou do chão e estendeu sua mão em direção ao teto, lançando seu sorriso bobo para ela em seguida. "Certo", disse Claire. "Então eu acho que foi o fantasma, né? Porque não fui eu".
Os três amigos trocaram olhares rápidos, e em seguida, caíram na gargalhada. "Que seja", disse Evita. "Danem-se todos vocês. Vocês sabem que eu levo essas coisas a sério." As chamas das velas ao redor piscaram. "De qualquer forma", disse Evita. "Vocês têm que sair daqui, agora. Meus pais vão voltar daqui a pouco. Eles iriam pirar se vissem isso." Eles se levantaram e se dirigiram até a porta. Evita abriu e sorriu enquanto eles passavam. "Boa noite, idiotas", ela exclamou, fechando a porta.
Evita ligou a luz e se virou, tornando-se consciente do autoritário silêncio do quarto. Enquanto caminhava em direção às velas e a tábua Ouija, sentiu como se alguém estivesse olhando para ela. Observando-a. Ela rapidamente apagou quatro das velas, e quando estava prestes a assoprar a última, sentiu como se o tabuleiro Ouija estivesse desafiando-a a fazer solitariamente uma pergunta final.
Evita nunca se intimidou com o desconhecido, e com certeza ela não queria começar agora. Ela colocou os dedos sobre o ponteiro. "Como...", respirou fundo "... eu vou morrer?" O ponteiro logo se deslocou em movimentos minúsculos e lentos. Seu coração acelerou enquanto ela desesperadamente dizia a si mesma que eram as suas mãos nervosas que faziam com que ele se movesse. Ele deslizou e apontou. Primeiro para um F, então para um O, depois para um G, e finalmente... para um O.
Evita ouviu um rangido atrás dela. Quando ela se virou para ver, acidentalmente bateu na última vela com a mão esquerda. Ninguém estava lá. Apenas uma fotografia de sua família, sorrindo.
domingo, 18 de janeiro de 2015
EU ME SENTEI NO ÔNIBUS
Eu me sentei no ônibus; estava voltando da escola.
Fiquei ouvindo música, prestando pouca ou nenhuma atenção nos outros alunos.
Em uma das paradas, minha mente me trouxe de volta à realidade.
Eu olhei para uma das pequenas casas. "É a casa de Tommy", pensei.
Uma mão deslizou através das cortinas da janela, acenando para motorista seguir em frente.
"Ele está doente", pensei, sem prestar muita atenção.
O dia passou voando.
Assisti ao canal de notícias locais em casa, e o que eu ouvi me paralisou.
Toda a família de Tommy havia sido assassinada naquele dia por um suspeito desconhecido.
Depois de ouvir aquela notícia, eu fui para o meu quarto e quietamente adormeci.
---
No dia seguinte, eu me sentei no ônibus.
Passamos novamente pela casa de Tommy, e o motorista do ônibus, provavelmente sem ter conhecimento do trágico e intrigante destino da família de Tommy, parou ao lado de sua casa.
Quando eu estava prestes a me levantar para lhe explicar o ocorrido, algo chamou minha atenção.
Uma mão pálida deslizou através das cortinas da janela e acenou para o motorista seguir em frente.
Eu me sentei no ônibus, apavorado
Fiquei ouvindo música, prestando pouca ou nenhuma atenção nos outros alunos.
Em uma das paradas, minha mente me trouxe de volta à realidade.
Eu olhei para uma das pequenas casas. "É a casa de Tommy", pensei.
Uma mão deslizou através das cortinas da janela, acenando para motorista seguir em frente.
"Ele está doente", pensei, sem prestar muita atenção.
O dia passou voando.
Assisti ao canal de notícias locais em casa, e o que eu ouvi me paralisou.
Toda a família de Tommy havia sido assassinada naquele dia por um suspeito desconhecido.
Depois de ouvir aquela notícia, eu fui para o meu quarto e quietamente adormeci.
---
No dia seguinte, eu me sentei no ônibus.
Passamos novamente pela casa de Tommy, e o motorista do ônibus, provavelmente sem ter conhecimento do trágico e intrigante destino da família de Tommy, parou ao lado de sua casa.
Quando eu estava prestes a me levantar para lhe explicar o ocorrido, algo chamou minha atenção.
Uma mão pálida deslizou através das cortinas da janela e acenou para o motorista seguir em frente.
Eu me sentei no ônibus, apavorado
QUEM FARIA ISSO ?
Estou cercado pela escuridão. Meu coração está em disparada. Sinto o meu sangue se batendo contra as paredes de meu crânio. Eu não consigo respirar. O medo tem aleijado as minhas necessidades mais básicas. Bem, exceto uma. Ainda posso sentir um fluxo quente correr pela minha perna esquerda.
Meus pulmões estão queimando. Eu preciso respirar, mas sei que isso irá denunciar a minha posição. Se é que o cheiro da minha urina não fez isso antes. E então eu ouvi. Um som que a maioria dos homens só imagina em seus piores pesadelos. A sede de sangue, a raiva dirigida, o grito de ódio do meu perseguidor. Minha frequência cardíaca aumenta. Meu corpo congela. Meus instintos gritam "Corra, seu idiota!" mas aqui estou eu, congelado pelo terror. O cheiro de medo e mijo consome o meu entorno. Estou acabado. Estou condenado. Na escuridão, eu vejo dois pontos vermelhos brilhantes avançando lentamente até mim. Finalmente capaz de me mover novamente, eu pego a minha bolsa e retiro o objeto mais próximo de uma arma que eu possuía: um bisturi longo e delgado. Eu coloco minha bolsa no chão, tentando manter os sons dos meus outros instrumentos em silêncio. Mas falhei, chamando a atenção da fera de olhos vermelhos atrás de mim. Eu grito e corro, brandindo minha "arma" na esperança de eliminar este abastardamento da humanidade em um corte limpo e rápido.
Aquilo durou apenas alguns segundos. Ouvi gritos e o som daquela criatura tossindo sangue, e, finalmente, nada. Estava feito. O demônio estava morto. Mas o que era aquilo? A criatura havia me acertado também. Senti o sangue que saia do corte e sabia que eu também logo estaria morto. Deitei-me perto da minha vítima com a lâmina ainda dentro do corpo e aguardei quieto pelo abraço frio e obscuro da morte. Lágrimas encheram os meus olhos enquanto eu lentamente caia no sono eterno.
Acordei na manhã seguinte. Um sonho? A coisa toda foi apenas um sonho? Que alívio! Tinha certeza de que tudo fora real. Mesmo com a dor em minhas costas que ainda latejava como se eu tivesse sido mesmo atacado. Eu fui até a cozinha comer o meu café da manhã, fígado com ovos. Foi então que olhei para o jornal em minha mesa. A manchete dizia "Jack, o Estripador Ataca Novamente". Minha empregada, Mary Kelley, veio trazer o meu café da manhã, exclamando, "Terrível, não é? Quem faria isso? Pelo menos a pobre garota conseguiu ferir o Estripador, ao menos assim a polícia poderá identificá-lo guiando-se...". Foi então que ela percebeu a marca de sangue na minha camisa.
Mas desta vez não era um sonho.
Meus pulmões estão queimando. Eu preciso respirar, mas sei que isso irá denunciar a minha posição. Se é que o cheiro da minha urina não fez isso antes. E então eu ouvi. Um som que a maioria dos homens só imagina em seus piores pesadelos. A sede de sangue, a raiva dirigida, o grito de ódio do meu perseguidor. Minha frequência cardíaca aumenta. Meu corpo congela. Meus instintos gritam "Corra, seu idiota!" mas aqui estou eu, congelado pelo terror. O cheiro de medo e mijo consome o meu entorno. Estou acabado. Estou condenado. Na escuridão, eu vejo dois pontos vermelhos brilhantes avançando lentamente até mim. Finalmente capaz de me mover novamente, eu pego a minha bolsa e retiro o objeto mais próximo de uma arma que eu possuía: um bisturi longo e delgado. Eu coloco minha bolsa no chão, tentando manter os sons dos meus outros instrumentos em silêncio. Mas falhei, chamando a atenção da fera de olhos vermelhos atrás de mim. Eu grito e corro, brandindo minha "arma" na esperança de eliminar este abastardamento da humanidade em um corte limpo e rápido.
Aquilo durou apenas alguns segundos. Ouvi gritos e o som daquela criatura tossindo sangue, e, finalmente, nada. Estava feito. O demônio estava morto. Mas o que era aquilo? A criatura havia me acertado também. Senti o sangue que saia do corte e sabia que eu também logo estaria morto. Deitei-me perto da minha vítima com a lâmina ainda dentro do corpo e aguardei quieto pelo abraço frio e obscuro da morte. Lágrimas encheram os meus olhos enquanto eu lentamente caia no sono eterno.
Acordei na manhã seguinte. Um sonho? A coisa toda foi apenas um sonho? Que alívio! Tinha certeza de que tudo fora real. Mesmo com a dor em minhas costas que ainda latejava como se eu tivesse sido mesmo atacado. Eu fui até a cozinha comer o meu café da manhã, fígado com ovos. Foi então que olhei para o jornal em minha mesa. A manchete dizia "Jack, o Estripador Ataca Novamente". Minha empregada, Mary Kelley, veio trazer o meu café da manhã, exclamando, "Terrível, não é? Quem faria isso? Pelo menos a pobre garota conseguiu ferir o Estripador, ao menos assim a polícia poderá identificá-lo guiando-se...". Foi então que ela percebeu a marca de sangue na minha camisa.
Mas desta vez não era um sonho.
O ACORDO
"Papai, tem um monstro no meu armário."
"Não, não tem", respondo semi-adormecido, "nós já passamos por isso antes, filha." Minha esposa acordou também. "Você não poderia, pelo menos, verificar? Parece que desde que ela voltou do hospital, vários corpos começaram a surgir ao redor da cidade. Apareceu outro na noite passada".
"Sim, eu vou dizer pra ela o quão triste eu estou pelas mortes destes cafetões e traficantes de drogas. De qualquer forma, eu não acho que quem está os apagando virá depois atrás da nossa filha."
"Apenas acalme ela, por favor." Ela se vira para Kayla. "Você viu o monstro?"
Kayla acena com a cabeça. "Ele é muito alto, tem dedos longos e uma boca grande com dentes brilhantes e afiados. Ele se esconde no meu armário e por trás da porta. Ele diz que vai me pegar, e seu nome é Goregrinder." Estou cansado disso. Eu jogo para longe os lençóis e salto para fora da cama.
Susan agarra meu braço e se inclina. "Você poderia, por favor, ter um pouco de paciência com ela?", Ela sussurra: "Meu Deus, ela se recuperou completamente de uma doença que mata milhares de crianças de sua idade. É um milagre ainda termos ela aqui, mesmo que ela nos incomode as vezes."
"Eu sei. Eu já estou indo," eu rosno de volta. Vou rapidamente até o seu quarto e acendo a luz. Nada. O armário range enquanto o abro. A luz preenche o local. Nada. Oh espere, eu estou fazendo errado. Eu desligo a luz e deixo a lua iluminar o quarto. Lá está ele. Tão alto que teria que se contorcer completamente para sair. Veste um casaco que cobre a maior parte de seu corpo. Parece ser feito de pele de urso ou algo assim. Seus braços estão cruzados sobre o peito, seus pulsos estão dobrados e seus dedos impossivelmente longos apontam para baixo. Sua pele verrugosa parece ser mais resistente do que o couro. A boca parece ser muito grande para sua cabeça, cheia de dentes laminados. Eu o empurro contra a parede do armário e certifico que minha esposa e filha não podem me ouvir. "Eu já te paguei pela noite passada, desgraçado! Você não pode buscá-la ao menos que eu deixe de pagar por uma semana. Esse foi o acordo! Se você assustar a minha filha mais uma vez, eu acabo com você!".
Ele sorri encantado com a minha justa indignação, e sua boca já extra larga se alonga nesta ação. Mesmo na escuridão do armário, eu posso ver seus dentes brilhantes. Ele sabe que eu não seria capaz de cumprir minhas ameaças, mas ele não me assusta. Ele está sujeito às mesmas regras que eu. Eu caminho para fora do armário e ele tenta ir depois de mim lentamente com o sorriso desafiador em seu rosto. Tanto faz. Eu fecho a porta na cara dele. Então, eu aguardo alguns segundos e abro o armário novamente. Ele se foi. Eu volto para o nosso quarto. "Está tudo bem querida, o monstro se foi."
Susan coloca o dedo sobre os lábios. Kayla está enrolada contra ela, dormindo tranquilamente, como se ela soubesse que está segura, e que eu farei qualquer coisa para mantê-la assim. Qualquer coisa. Mas tudo bem. Ela pode dormir aqui, mas só por essa noite. Eu me aperto na cama ao lado delas, contentando-me com o pequeno espaço na cama que as meninas me deixaram. Eu ainda estou muito irritado para conseguir dormir hoje, não só por causa de Goregrinder, mas por causa de seu mestre também. Será que ele realmente acha que eu iria assinar um contrato usando meu próprio sangue em um pergaminho feito de pele humana sem o ler primeiro? Que tipo de idiota ele pensa que eu sou?
"Não, não tem", respondo semi-adormecido, "nós já passamos por isso antes, filha." Minha esposa acordou também. "Você não poderia, pelo menos, verificar? Parece que desde que ela voltou do hospital, vários corpos começaram a surgir ao redor da cidade. Apareceu outro na noite passada".
"Sim, eu vou dizer pra ela o quão triste eu estou pelas mortes destes cafetões e traficantes de drogas. De qualquer forma, eu não acho que quem está os apagando virá depois atrás da nossa filha."
"Apenas acalme ela, por favor." Ela se vira para Kayla. "Você viu o monstro?"
Kayla acena com a cabeça. "Ele é muito alto, tem dedos longos e uma boca grande com dentes brilhantes e afiados. Ele se esconde no meu armário e por trás da porta. Ele diz que vai me pegar, e seu nome é Goregrinder." Estou cansado disso. Eu jogo para longe os lençóis e salto para fora da cama.
Susan agarra meu braço e se inclina. "Você poderia, por favor, ter um pouco de paciência com ela?", Ela sussurra: "Meu Deus, ela se recuperou completamente de uma doença que mata milhares de crianças de sua idade. É um milagre ainda termos ela aqui, mesmo que ela nos incomode as vezes."
"Eu sei. Eu já estou indo," eu rosno de volta. Vou rapidamente até o seu quarto e acendo a luz. Nada. O armário range enquanto o abro. A luz preenche o local. Nada. Oh espere, eu estou fazendo errado. Eu desligo a luz e deixo a lua iluminar o quarto. Lá está ele. Tão alto que teria que se contorcer completamente para sair. Veste um casaco que cobre a maior parte de seu corpo. Parece ser feito de pele de urso ou algo assim. Seus braços estão cruzados sobre o peito, seus pulsos estão dobrados e seus dedos impossivelmente longos apontam para baixo. Sua pele verrugosa parece ser mais resistente do que o couro. A boca parece ser muito grande para sua cabeça, cheia de dentes laminados. Eu o empurro contra a parede do armário e certifico que minha esposa e filha não podem me ouvir. "Eu já te paguei pela noite passada, desgraçado! Você não pode buscá-la ao menos que eu deixe de pagar por uma semana. Esse foi o acordo! Se você assustar a minha filha mais uma vez, eu acabo com você!".
Ele sorri encantado com a minha justa indignação, e sua boca já extra larga se alonga nesta ação. Mesmo na escuridão do armário, eu posso ver seus dentes brilhantes. Ele sabe que eu não seria capaz de cumprir minhas ameaças, mas ele não me assusta. Ele está sujeito às mesmas regras que eu. Eu caminho para fora do armário e ele tenta ir depois de mim lentamente com o sorriso desafiador em seu rosto. Tanto faz. Eu fecho a porta na cara dele. Então, eu aguardo alguns segundos e abro o armário novamente. Ele se foi. Eu volto para o nosso quarto. "Está tudo bem querida, o monstro se foi."
Susan coloca o dedo sobre os lábios. Kayla está enrolada contra ela, dormindo tranquilamente, como se ela soubesse que está segura, e que eu farei qualquer coisa para mantê-la assim. Qualquer coisa. Mas tudo bem. Ela pode dormir aqui, mas só por essa noite. Eu me aperto na cama ao lado delas, contentando-me com o pequeno espaço na cama que as meninas me deixaram. Eu ainda estou muito irritado para conseguir dormir hoje, não só por causa de Goregrinder, mas por causa de seu mestre também. Será que ele realmente acha que eu iria assinar um contrato usando meu próprio sangue em um pergaminho feito de pele humana sem o ler primeiro? Que tipo de idiota ele pensa que eu sou?
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